Seu filho sempre tem virose? Entenda o que é e por que médicos usam o termo | Brazil News Informa
É bem frequente as crianças receberem o diagnóstico de virose ao apresentarem sintomas respiratórios, como tosse, coriza ou dor de garganta, e até gastrointestinais —perda de apetite, diarreia e vômitos—, acompanhados de febre, fadiga, dor no corpo, mal-estar geral, hiperemia (vermelhidão) ocular e manchas na pele.
Mas o termo é bastante impreciso e pode estar associado a uma infinidade de vírus que, na explicação de Fernanda Honório, pediatra do HUWC (Hospital Universitário Walter Cantídio), do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará), vinculado à rede Ebserh, apresentam manifestações em comum e são capazes de gerar desde quadros brandos a outros mais intensos.
Virose não é um diagnóstico, nas palavras de Eitan Berezin, pediatra, infectologista, membro do departamento científico de infectologia da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e professor de pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo: "É preciso fazer exames para detectar um [vírus] em particular, mas como para a maior parte deles não há tratamento específico, generaliza-se".
Quando as infecções virais são mais frequentes?
As gastrointestinais são mais comuns na primavera e no verão, enquanto as respiratórias, no outono e inverno. "Temos visto, porém, que a sazonalidade dos vírus não está mais fiel, portanto, em qualquer época do ano podem ocorrer essas infecções", esclarece Caroline Peev, pediatra e coordenadora do pronto-socorro do Hospital Infantil Sabará (SP).
Uma criança que frequenta escola tem cerca de dois eventos infecciosos por mês enquanto bebês menores de 2 anos, devido à imunidade ainda em desenvolvimento, apresentam uma frequência elevada de infecções virais.
A pediatra do Hospital Infantil Sabará afirma ainda que são comuns de 8 a 12 episódios por ano, mas a frequência é reduzida no decorrer do amadurecimento infantil. Afinal, as infecções são importantes para a formação da imunidade.
Além disso, algumas situações chegam a ser confundidas com afecções bacterianas ou outras patologias febris. "Diarreias frequentes, baixo ganho de peso e vômitos podem simular quadro de verminose ou alergia alimentar", exemplifica Peev.
Na persistência dos sintomas, a avaliação por profissional médico para o diagnóstico adequado é crucial, de acordo com a pediatra do Ceará.
Consulte sempre o pediatra
"Levar apenas ao pronto-socorro não é a melhor alternativa quando ocorrem os episódios, apesar da praticidade de horários", explica Berezin.
Os pais necessitam estar atentos. No atendimento de urgência, o médico tem contato com a criança apenas uma vez e, segundo o infectologista e pediatra da SBP, algumas doenças demoram a serem identificadas, sendo preciso investigar e solicitar mais exames.
"Muitas vezes, a mãe fala que a criança está sempre doente, mas isso é vago. Por isso o acompanhamento com o pediatra é fundamental, não apenas nos episódios de infecções, mas para observar o desenvolvimento e crescimento e identificar, precocemente, enfermidades mais graves", explica Berezin.
Alguns tipos de câncer infantil, como linfomas e leucemias, esclarece Honório, podem apresentar, inicialmente, sintomas inespecíficos como febre, fadiga e falta de apetite. "A avaliação médica por meio de uma boa anamnese e exame físico é crucial para distinguir entre as diferentes causas de febre na infância, indicando uma investigação adicional quando necessária."
O pediatra tem o histórico detalhado do paciente e com regularidade avalia a carteira vacinal, peso, altura, promove ajustes de vitaminas e direciona a outros especialistas sempre que necessário, como a um médico infectologista, caso haja deficiência de imunidade.
0 Comentários