Quando falamos em queda de cabelo, tratamentos e remédios, é preciso primeiro considerar que existem diversas causas possíveis para a perda dos fios. Saber inicialmente o motivo por trás do problema é o ponto de partida para encontrar a possível solução.
No que diz respeito a cabelo, temos entre as causas de queda fatores como:
- Desequilíbrios hormonais;
- Uso de determinados medicamentos;
- Dietas restritivas, principalmente quando pobres em proteínas;
- Maus hábitos de cuidados com o couro cabeludo e a fibra;
- Uso de químicas;
- Problemas genéticos;
- Doenças autoimunes.
É importante buscar um médico quando a queda é maior do que 100 fios ao dia e quando o couro cabeludo fica exposto, como aponta a dermatologista Fabiane Molinari Brener, coordenadora do departamento de cabelos da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e professora de Dermatologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná).
Diagnóstico da queda de cabelo
Então, se você tem percebido mais de 100 fios caindo no banho e espalhados pela casa e que seu couro cabeludo anda mais visível que o normal, os especialistas têm algumas opções de exames para entender o seu problema, como:
- Biópsia de couro cabeludo;
- Dermatoscopia do couro cabeludo;
- Teste de perda na haste.
Além disso, é preciso saber se você tem alguma doença de base, como hipertensão, síndrome dos ovários policísticos, diabetes, para entender se elas estão controladas e se o tratamento atual pode entrar em conflito com a estratégia que o médico pensou.
Mesmo muitos dos medicamentos sendo tópicos e facilmente encontráveis, eles não são isentos de efeitos colaterais. "A automedicação não deve ser realizada em nenhum momento, já que é preciso ter um médico que conheça bem o histórico do paciente e a ação dessas substâncias antes de indicá-las", diz o tricologista Ademir C. Leite Jr, diretor e membro da IAT (sigla inglesa para Associação Internacional de Tricologistas)
Ele ainda aponta a importância da personalização do tratamento até mesmo pelos seus hábitos. "Deve-se avaliar se o paciente vai conseguir fazer e encaixar o tratamento em sua rotina", reforça Ademir Jr. Isso feito, é comum que os médicos contem com alguns medicamentos. Os mais conhecidos são:
1. Minoxidil
O minoxidil é o medicamento mais usado em casos de queda de cabelo. Normalmente é indicado na forma tópica, mas também pode ser usado de forma oral em casos mais graves, mas sempre com atenção à pressão arterial do paciente.
Esse medicamento atua aumentando a circulação do couro cabeludo, por dilatar os vasos da região, e a proliferação das células da matriz do cabelo, trazendo também mais energia para que o cabelo cresça.
Efeitos colaterais: pode causar dermatites, aumento das dores de cabeça, redução da pressão arterial (no uso oral), inchaço e edema corporal, entre outros.
Como usar: o minoxidil tópico deve ser usado de uma a duas vezes por dia com o couro cabeludo seco, ou via oral conforme indicação do médico.
2. Finasterida
A finasterida é um tipo de tratamento mais indicado aos homens com queda de cabelo que costuma ocorrer devido à transformação da testosterona em dihidrotestosterona, substância que causa um afinamento capilar.
Efeitos colaterais: a finasterida pode causar redução da libido, disfunção erétil, depressão, ansiedade, alterações gastrointestinais, da função do fígado e do rim —e muitos desses efeitos podem perdurar depois que seu uso é suspenso. Ela ainda é contraindicada a quem tem histórico de câncer de mama e câncer de próstata na família.
Como usar: normalmente a finasterida é usada via oral, com comprimidos de 1 a 5 mg, conforme orientação do médico.
3. Espironolactona
A espironolactona tem um funcionamento semelhante à finasterida, mas é mais usada em mulheres. Ela atua na testosterona e seus derivados que causam a miniaturização e o afinamento dos fios de cabelo, e ajuda também a reduzir a acne, a oleosidade da pele e os pelos corporais.
Efeitos colaterais: o medicamento pode causar cãibras, dor de cabeça, mal-estar, hipotensão, sonolência, cansaço, acúmulo de potássio e até mesmo arritmias, a depender da dosagem. Mulheres que querem engravidar no momento atual não devem utilizar esse medicamento, já que ele está associado a malformações fetais e também pode causar sangramento uterino disfuncional.
Como usar: normalmente a espironolactona é usada via oral, conforme orientação do médico.
4. Cetoconazol
O cetoconazol na verdade é um antifúngico, sendo usado para tratar principalmente o couro cabeludo, já que ele vai melhorar a dermatite e descamação da região. Por isso mesmo é usado apenas em alguns casos de queda de cabelo e com uma atuação mais discreta. Ele pode melhorar a absorção de outros agentes tópicos.
Efeitos colaterais: se usado por tempo prolongado, pode alterar a microbiota do couro cabeludo, o que pode gerar inflamações no local, que é justamente o que se quer evitar.
Como usar: normalmente o cetoconazol é encontrado em forma de xampu e usado de forma tópica, com orientação do dermatologista.
5. Alfaestradiol
Apesar de ser muito associado à queda de cabelo, o alfaestradiol é uma substância sem muito respaldo científico e com ação classificada pelos especialistas consultados como bastante fraca, não sendo tão indicado pelos médicos com essa finalidade.
Efeitos colaterais: são raros, mas há relatos de ocasionar sensação de queimação, dor, coceira e vermelhidão no couro cabeludo. Além disso, o álcool de sua composição pode trazer ressecamento.
Como usar: é usado em forma de tônico com frequência indicada pelo dermatologista
Tratamentos para queda de cabelo
Além dos medicamentos usados em casa, o dermatologista e tricologista conta com diversos tratamentos que pode realizar em consultório como:
- Mesoterapia com microagulhamento: tratamento por meio de agulhas para infiltrar princípios ativos direto no couro cabeludo;
- LED: laser de baixa voltagem faz com que as mitocôndrias funcionem melhor e oxigenem os folículos;
- MMP: um aparelho semelhante aquele usado por tatuadores para inserir as medicações no couro cabeludo;
- Nanopore: tratamento similar ao MMP, mas com um aparelho diferente, que parece uma caneta rotatória.
A carboxiterapia capilar é muito falada na internet, no entanto caiu em desuso "por falta de estudos robustos que justifiquem seu uso, especialmente em detrimento das demais opções terapêuticas disponíveis", considera a dermatologista Jaqueline Zmijevski, fellow em tricologia pela AMB (Associação Médica Brasileira).
Suplementos nutricionais para queda de cabelo
Os suplementos nutricionais são também considerados uma estratégia importante, e não apenas para pacientes com uma alimentação pobre em micronutrientes (provenientes principalmente dos alimentos de origem vegetal e de uma dieta colorida).
"Tem muito suplemento e multivitamínico que atuam como medicamentos, como o zinco, como selênio, como o chá verde. Acredito que eles podem fortalecer a ação dos medicamentos e dos procedimentos que a gente tem", considera Ademir Jr.
No entanto, eles serão usados conforme o diagnóstico e quando há deficiência e carência nutricional, como de zinco, selênio, vitamina D, e em menor frequência, vitamina C e vitamina B12. A anemia também é um quadro que deve ser investigado. Tudo vai depender de como está a nutrição de cada paciente.
Alimentação recomendada para queda de cabelo
Na verdade, o mais importante na alimentação é evitar dietas radicais e restritivas (conheça algumas delas no Ranking das Dietas).
"É importante que a alimentação tenha proteína e alimentos ricos em ferro como vegetais verde-escuros (brócolis, agrião, rúcula, etc.) e grãos, feijão e lentilha", reforça a dermatologista Brener.
Principais cuidados em casa
Ao fazer um tratamento para queda de cabelo, é importante que o paciente siga direitinho todas as orientações dadas pelo médico. "A constância e disciplina são fundamentais para que haja sucesso no tratamento", reforça Zmijevski. "Além disso, o cuidado com os fios ajuda a evitar danos térmicos e químicos", finaliza a especialista.
Ademir Jr. indica alguns cuidados importantes como:
- Evitar agentes agressores como secador, prancha/chapinha e água quente na lavagem;
- Lavar os cabelos diariamente ou pelo menos dia sim, dia não;
- Ter uma alimentação rica em proteínas;
- Cuidar de doenças sistêmicas já diagnosticadas;
- Ter constância nos tratamentos indicados pelo médico e sinalizar a ele quando não conseguir manter essa rotina.
0 Comentários