Quando a baiana Kailane de Sena Silva, de 19 anos, foi ao ginecologista, há três meses, ela chegou com uma suspeita de gravidez e saiu do consultório com o diagnóstico de útero didelfo, que constitui em uma malformação uterina caracterizada pela formação de dois úteros. "Fiquei assustada! Quando vi na tela, achei que estava grávida de gêmeos", conta a jovem.
Natural de Valente (BA) e moradora de Coité (BA), Kailane relatou sobre sua condição em seu perfil no Instagram e seu vídeo alcançou mais de 280 mil visualizações. Em entrevista exclusiva à CRESCER, ela conta que antes do diagnóstico tinha um ciclo menstrual muito desregulado e tinha fortes cólicas menstruais. Após fazer um exame transvaginal, ela acabou descobrindo que tinha uma malformação uterina. Porém, por enquanto, ela ainda não sabe como será o seu acompanhamento médico.
A baiana, ainda, revela que pretende engravidar. No entanto, terá que se planejar bem, porque, além do útero didelfo, ela tem epilepsia, então, precisa conversar com um médico sobre a suspensão dos seus medicamentos. "Eu também posso engravidar nos dois úteros ou ter um aborto espontâneo. Então, tudo tem que ser feito com muita calma e cautela", afirma ela. Apesar do susto, Kailane está confiante: "Tudo dará certo", ressaltou.
O que é o útero didelfo - Segundo o médico Wagner Hernandez (SP), que é obstetra especialista em gestação gemelar e de alto risco, o útero didelfo ocorre devido a uma malformação no útero. "Normalmente, há a fusão de duas estruturas que formam o útero, só que nessas mulheres acaba não ocorrendo essa fusão e elas têm dois colos de úteros.", explica o especialista.
O obstetra também aponta que muitas mulheres são assintomáticas e só vão descobrir que têm uma malformação uterina quando engravidam. Em alguns casos, as mulheres podem ter uma das saídas do colo do útero obstruída por um septo vaginal e, assim, elas têm um maior desconforto. Nesse caso, é possível que o médico recomende uma cirurgia, porém, nos outros casos, é feito apenas um acompanhamento médico.
As mulheres com útero didelfo também podem ter duas partes intimas, mas isso só em alguns casos. Para identificar a malformação, é possível fazer um ultrassom transvaginal e, eventualmente, uma ressonância magnética.
Para as mulheres que querem engravidar, é necessário fazer um acompanhamento médico cuidadoso, já que há mais risco de parto prematuro e de aborto espontâneo. O bebê também pode não ficar na posição correta, então, há mais chances da mulher precisar fazer uma cesárea. Além disso, por mais curioso que seja, é possível, sim, que a mulher engravide de gêmeos, com um feto em cada útero.
Para as mulheres que querem evitar uma gravidez, não se recomenda o uso do DIU de cobre. Quanto à indicação do anticoncepcional, não há mudança na dosagem.
Fonte: Revista Crescer
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