Para quem acredita na quiromancia (leitura das mãos), cada linha presente nas palmas —o que inclui seu tamanho, direção e visibilidade— carrega significados relacionados com diferentes aspectos da vida, seja do passado, presente e futuro, e, assim, poderiam ser interpretadas.
Começando de cima para baixo, a primeira linha corresponderia ao coração e emoções e sentimentos pessoais. Abaixo dela, a segunda linha seria a da cabeça, representando o cérebro e a mente (funções neurológicas e parte psicológica). E, em seguida, viria a linha da vida, que como o nome sugere teria a ver com longevidade e cuidados gerais com a própria saúde.
Mas, o que os médicos dizem a respeito? Existe alguma conexão entre essas linhas com os órgãos e a saúde? Descubra, a seguir, se há algo de ciência nas linhas.
Sim, linhas têm um propósito
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiglFQ59T-PLcDwD-M5woK0PEohMWrF2HeXhWBymoZwgy5A6mpP6ceW2tBmHXPa1afxVIrWlfF0VoABhqPJgPVklFeFUIshX622QbcaLUm3Y-cGAJPDavRlB-yIwVoH_t1e-H-7ZuSRU7dbAeqxD2Du5icZt6Kx9q5Ftvbvqqmvib4qMmQGmf-W-4K-w/s320/maos-estendidas-1652377208758_v2_750x421.jpg)
Como a quiromancia é tratada na literatura científica como pseudociência ou superstição, seu conhecimento sobre as linhas das mãos carece de confiabilidade. Para a medicina, as linhas, ou pregas palmares, têm uma serventia muito mais funcional. Dão flexibilidade às mãos para abrir e fechar e segurar coisas, estando presentes também nos primatas como um traço evolutivo.
Servem também para as mãos serem alongadas, sem que a pele delas seja muito esticada, e anatomicamente se dividem em três tipos relevantes (superior, média e inferior), responsáveis pela formação da letra "M" nas palmas e presentes desde o nascimento. Mas nada impede o surgimento de outras linhas menores e mais finas, em decorrência de movimentos adquiridos.
Fora as mãos, as linhas também estão presentes em partes do corpo dobradas com bastante frequência. É o caso do lado de dentro dos dedos, pulsos, dobra dos joelhos e antebraços e planta dos pés, que assim como as mãos podem ser úteis para segurar. Enquanto macacos agarram galhos, humanos podem usá-los para pegar, por exemplo, lápis caídos no chão.
Servem para indicar doenças
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQdNhf-vwUKtYmJ9MjB07Ew19O-EOImJ7gctzYUIZeKrtbDH-3oWv2dMniBsQFuJEwirhQ5s8qYP4sBkZ6yLhzuAgUJReKeoL2kzG42eaILjj1uMslrHVIoh8daZCvqfwR6w65RGgdSOEVr1ctc9zMjKK-Sbvqbs1mINsn-uU3YMm9xRK1O7t2WkrV6g/s320/homem-com-sindrome-de-down-trabalhando-em-mercado-1639418444046_v2_750x421.jpg)
As linhas, ou melhor, uma única linha da palma da mão também pode revelar doenças, assim que a criança nasce. É o caso da prega palmar transversal única, ou prega simiesca, cuja origem não é muito bem esclarecida. Ela cruza a mão horizontalmente de um lado a outro e é formada pela junção —e consequentemente desaparecimento— das três pregas palmares já citadas.
É um sinal associado com uma variedade de síndromes, tais como: síndrome de Down (ou trissomia do cromossomo 21), síndrome de Aarskog, síndrome de Cohen, síndrome de Turner (todas também anomalias genéticas e raras), síndrome do alcoolismo fetal (decorrente do consumo de álcool durante a gravidez), além de outras semelhantes a distúrbios hormonais.
Essa linha está presente em metade das pessoas diagnosticadas com síndrome de Down e em cerca de 5% a 10% da população em geral ou com más formações. Apesar disso, não produz nenhum sintoma, nem representa nenhuma complicação e por isso não é tratável. Embora, sem as demais linhas, não haverá tanta facilidade no movimento das articulações das mãos.
Outras formas de interpretar as mãos
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho4vXcJpBIaQtbgPC7l5e6FFve36mV1lu9klbeL75tZNquJLy6M9uj9MKGZ4mQ0FGNRD-kRWXCIctBaozqrkYnmNGfe9KRTqruQHCkRud8EV4X84-52s4_Rik6aTtdDGAU8VmX0bGPtZircjmsmIwQ5GU1oAK7D8YoFd_UMDpqs8UQuugua9zdl0kdYw/s320/aperto-de-mao-conhecer-cumprimento-1622057467097_v2_750x421.jpg)
Normalmente, os médicos avaliam e baseiam seus diagnósticos clínicos pelo que observam, escutam de seus pacientes e percebem pela palpação, ou então por testes de amplitude de movimento, força, compressão e calor das mãos. Também podem pedir por exames, como os de imagem, e, às vezes, realizarem pequenos procedimentos, como puncionar articulações.
Problemas nas mãos estão mais relacionados a deformidades, infecções, traumas, distúrbios envolvendo nervos ou vasos sanguíneos. Mas por meio delas, segundo estudos científicos recentes, daria para avaliar também a saúde do coração.
Foi observado que uma melhor força muscular, medida pela firmeza do aperto de mão, pode estar associada a menos alterações cardiovasculares, declínio funcional e risco de morte prematura, por infarto, por exemplo.
De quebra, os autores também traçaram uma relação entre as mãos e a saúde neurológica. Enquanto um aperto de mão fraco, sem força e de poucos segundos pode indicar que o cérebro está recebendo informações sobre o coração com dificuldades, um aperto forte, denota o contrário e que doenças, como AVC (acidente vascular cerebral), estão menos associadas a esse gesto vigoroso.
Fontes: João Vicente da Silveira, cardiologista do Hospital Sírio-Libanês (SP); Júlio Pereira, médico pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e neurocirurgião; e Wendell Uguetto, cirurgião plástico da SBCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e do Hospital Albert Einstein (SP).
Fonte: UOL
0 Comentários