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Leandro Lehart falou que vítima 'ia se acostumar [com situação escatológica] nas próximas vezes' após estupro e cárcere privado | Brazil News Informa

Leandro Lehart falou que vítima 'ia se acostumar [com situação escatológica] nas próximas vezes' após estupro e cárcere privado | Brazil News Informa

O cantor Leandro Lehart, 50 anos, líder do grupo Art Popular, que foi condenado a nove anos e sete meses de prisão por ter estuprado e mantido em cárcere privado uma mulher em outubro de 2019, falou à vítima que se ela "não tivesse gostado [da situação escatológica por qual passou], ela iria se acostumar nas próximas vezes" e que outras mulheres já teriam passado por isso, mas não tinham provas, de acordo com relato dela à Justiça.
O Fantástico conversou com Rita de Cássia Corrêa, a mulher que denunciou o músico. Ela contou que sofreu um abuso grotesco, que destruiu a vida dela. Os dois se conheceram em 2017, se relacionaram, e, em outubro de 2019, passou por uma situação violenta na casa dele.

Na noite do crime, a vítima contou que ficou com hematomas e rouca de tanto gritar de desespero, quando foi trancada no banheiro da casa. Lá, ela afirma que Leandro foi agressivo, a imobilizou e, então, cometeu um ato grotesco e escatológico de violência.

“Na minha boca. Eu já comecei a me debater e pedindo para ele parar. E tentando tirá-lo de cima de mim, mas eu não conseguia. Ele ainda se masturbou até chegar ao orgasmo”, disse Rita ao Fantástico.

"Não tinha forças para tentar sair dali, pois estava com medo e abalada. Pois lutei com o autor tentando evitar tudo aquilo", afirmou a vítima nos autos.

Ela foi libertada ao amanhecer, quando indagou o cantor sobre as agressões intimas. Depois que ela foi solta, o cantor pediu que a vítima "se acalmasse".

Processo

A vítima passa por tratamento psicológico. Ela trabalhava no sistema público de transporte da capital paulista e saiu do emprego por ter ficado abalada com a situação. Ela teve diagnóstico de estresse pós-traumático e chegou a tentar suicídio.

Segundo o Ministério Público, o artista compareceu a todas as audiências, mas negou a acusação. Mensagens que mostram a confissão dele foram encaminhadas pela vítima à Justiça. O cantor alegou que enviou as mensagens, mas negou o crime: “falou tal frase, apesar de tal fato não ter ocorrido, para deixá-la 'mais à vontade' e ela esquecer naquele instante da vontade de se matar” (veja um trecho abaixo).

30/08/2020 – 15:30:34: “de qq maneira somos adultos.. se vc se sentir no direito de me denunciar, faça. Não ficarei chateado.
30/08/2020 – 15:30:57: “posso até fazer uma declaração pra vc. (...) eu assumo isso, com muita vergonha mas assumo (...) tá ai... guarda esse nosso papo que é a sua prova definitiva.
30/08/2020 – 15:50:27: “já deixei aqui minha confissão (...) tenho que fazer uma auto critica, e se eu errei, vou pagar.

Como a vítima ficou sem renda e estava passando problemas financeiros, o cantor chegou a encaminhar a ela cestas básicas. O caso foi registrado meses depois que ela procurou uma rede de apoio, que ofereceu ajuda psicológica e jurídica.

Liberdade

A condenação pela 17ª Vara Criminal de São Paulo foi publicada na terça-feira (13) e previa regime inicial fechado, mas o juiz decidiu que Lehard pode recorrer em liberdade.

“Condeno o réu Paulo Leandro Fernandes Soares [Lehard] pelos crimes de estupro e cárcere privado, previstos nos arts. 213, caput, e 148, § 2º, do CP, à pena de 9 anos, 7 meses e 6 dias de reclusão e 24 dias-multa, em regime inicial fechado, nos termos da fundamentação supra. Condeno o réu ao pagamento das custas processuais. O réu poderá apelar em liberdade”, escreveu o juiz.

Nas redes sociais, ele divulgou uma nota na sexta-feira (16) e afirmou ser "vítima de uma grande injustiça" (veja nota ao final desta reportagem).

Priscila Pamela Santos, advogada criminal e representante da vítima, divulgou uma nota em que disse:

"O caso é repugnante! Um dos piores com o que tive contato durante quase 17 anos de profissão. É a síntese do horror, da subjugação e do ódio dos homens às mulheres."
O que diz Leandro Lehart
Cantor, compositor e multi-instrumentista, Lehart também foi diretor do Centro Cultural São Paulo, da Prefeitura da capital, em 2021.

Em comunicado, Lehart escreveu: "Estou sendo vítima de uma grande injustiça, mas a verdade vai prevalecer em breve. São 40 anos de carreira e 50 anos de vida acreditando na justiça, e mesmo que ela tarde, ela não falha. E a maldade não prevalecerá nunca. Obrigado por tudo."

A nota da defesa diz: "A defesa técnica de Leandro Lehart, em atenção aos pedidos da imprensa por comentários, informa que o caso corre em segredo de Justiça e ainda pende de decisão final, o que impede maiores considerações quanto aos fatos. De toda sorte, Leandro e seus advogados seguem confiantes no Poder Judiciário e que a verdade prevalecerá, com sua consequente absolvição."

Quem é Leandro Lehart

Paulo Leandro Fernandes Soares, conhecido como Leandro Lehart, tem 50 anos, e é um cantor, músico e compositor ícone dos anos 1990.

Multi-instrumentista e autodidata, o artista toca mais de 30 instrumentos e foi ao longo de 10 anos (no final da década de 1990 e início dos anos 2000) o maior arrecadador de direitos autorais do Brasil.

Leandro ainda tem em seu currículo o posto de diretor do Centro Cultural de São Paulo (CCSP), um dos primeiros centros culturais multidisciplinares do país. O músico permaneceu no posto de maio de 2021 a fevereiro de 2022.

Lehart é também embaixador do projeto O Samba Cura, criado em 1997 em parceria com a ONG Ação Solidária Contra o Câncer Infantil.

Segundo dados do Ecadnet, Leandro Lehart tem 369 obras musicais em seu nome, além de 899 fonogramas gravados com sua voz.

Entre as composições, estão "Pimpolho", "Agamamou", "Amarelinha", "Irae", "Telegrama", "Temporal" e muitos outros clássicos do samba e do pagode que marcaram a década de 1990.

Fonte: G1



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